O cão está a olhar para os dois, à espera que algo aconteça, língua pendurada. Mas não acontece nada e ele resolve cheirar ali em volta. Pode ser que encontre um pau. Um pau era bom. Se lho atirassem ele podia ir a correr buscá-lo.
- Tomamos banho? - pergunta o Zé.
Jaquim abana a cabeça, franze os sobrolhos. Vira-se para trás e começa a andar de volta para a vila.
- Anda. Já está quase na hora de jantar. A madrinha vai estar à espera.
Voltar à estrada de alcatrão ainda são uns minutos largos e os dois rapazes concentram-se no suor, no pó, nas ervas secas, no cascalho que lhes foge debaixo dos pés.
A meio caminho o Zé assobia ao cão para lhe lembrar que tem de vir com eles. E o cão vem, a correr disparado. Ultrapassa-os e desaparece de vista.
- Já vai para a estrada, cabrão do cão!
O Jaquim percebe a preocupação do Zé. Ouviu muitas vezes a história do Charlot e a furgoneta dos ciganos. Inclusivé nas diferentes versões da menina Ivone e do senhor Manel. É por isso que diz:
- Não tenhas medo.
E até chegarem a casa da madrinha não dizem mais nada e o Zé sabe que ainda tem um amigo e que não precisa ter medo.
segunda-feira, 2 de junho de 2008
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