sexta-feira, 28 de março de 2008

26

Está calor no cemitério. O mármore das campas, saturado de sol, exala um bafo quente de terra e flores cozidas. Efiadas em jarrinhas ou frascos de Tofina, margaridas, gladíolos e jarros desmaiam e apodrecem. Fotos de bem amados, familiares queridos, temidos ou odiados, vão perdendo cores.
É a primeira vez que entra neste cemitério embora o conheça bem de fora. O quadrado murado a branco e os negros ciprestes cheios de mistério. É ali que está o pai. Sabe-o mesmo sem que a mãe lho tenha dito. Por ela o evitar é que ele sabia.
Os outros, a caminho da ribeira em tardes de Verão, desafiavam-se sempre a entrar, a pular o muro ou a passar uma noite lá dentro. Ele mantinha-se em silêncio, com um sorriso postiço como camuflagem para responder às conversas tontas e bazofeiras.
Às vezes perguntavam-lhe se acreditava em fantasmas. Contavam-lhe histórias de assombrações, mortos irrequietos que davam voltas na cova. Defuntos vingativos que voltavam para arrastar os seus assassinos para o inferno. Mas ele mantinha um ar impassivo. Era bom nisso.
Ainda é. A manter a calma, a cabeça fria. A fazer nada. A esperar. Sempre a esperar.
Durante os primeiros cinco anos da sua vida esperara que o pai voltasse. De uma longa viagem. De um país distante. E depois, aos seis, quando percebera finalmente o que era a morte, esperara que, por generosa intervenção de um santo ou de um anjo, os céus deixassem a sua alma aparecer ao filho uma noite, nem que fosse por um momento. Só para dizer adeus. Ou, talvez primeiro, um olá. Um mísero olá.
De onde absorvera aquela mitologia católica nem sabia. Estava no ar. Encardia toda a gente em Vila Velha e tingira-o também a ele, apesar de a mãe não ir nem o levar à igreja. Aos Domingos os outros invejavam-no por poder ficar a ver os desenhos animados na televisão. Ele invejava os outros.
Mas depois, aquela fé por contágio acabara por se esterilizar até só lhe restar um resignado ateísmo. Durante o cancro, nem se lembrara de rezar pela mãe, como fizera em criança, pelo pai. Provavelmente porque se cansara de esperar. Se Deus não respondia a rezas era porque não ouvia. E um Deus mouco não merece respeito. Velinhas a santos também lhe parecia um procedimento demasiado burocrático. Para que havia de ir à secretaria se podia falar directamente com o chefe da repartição? A hierarquia celestial deixava-o confuso.
Ainda assim, há qualquer coisa que o comove numa das campas. A imagem de um anjo da guarda. Fixa-a. O gentil anjo guiando a criança, pegando-lhe na mão.
O Zé pega-lhe na mão e diz:
- É aquele.
Jaquim vira-se e olha para onde ele aponta. Uma campa de mármore branco. Então é ali que está.
Mas ali muito pouco há. O nome. Uma data. Apenas isso.
E no entanto, há mais que isso.
Há uma jarra branca, cimentada, imune ao vento. E dentro dela há flores frescas, que só podem ter sido colhidas hoje, ou já teriam desistido de se manter erectas.

quarta-feira, 26 de março de 2008

25

- Onde é que vamos?
O Jaquim acena só com a mão lá para a frente da estrada.
- Já está calor. Se calhar até dá para ir nadar à ribeira. - diz o Zé.
- Sim, se calhar dá.
Não era na ribeira que o Jaquim estava a pensar, mas o sítio onde quer ir é a meio caminho. O sítio frente ao qual qualquer conversa de Verão arrefecia. Para chegar à ribeira era sempre preciso passar pelo cemitério. Os seus muros brancos e os negros criprestes até já se vêem daqui.
- E tu, quando me vais visitar a Lisboa?
- Hei-de ir, hei-de ir...
Que mais pode ele responder? Nem ao Jaquim consegue dizer nada. Aquilo é como uma falta de ar no peito.
Quando começou a ajudar o pai no talho era ainda menor e disseram-lhe que o governo não deixava que lhe pagassem por causa disso. E depois foram-se acumulando as desculpas. Este mês não há dinheiro. Foi preciso comprar a carrinha nova. Então, paguei-te a carta, do que é que te queixas? Dinheiro para quê, para gastares em cerveja?
Desculpas, ordens, discussões, mas dinheiro que é bom, nada.
Zé Manel nem tem conta no banco. Pois sim, tem trabalho e quem lho dê, tem comida e quem lha faça, tem roupa e quem lha lave e, por enquanto, vai tendo um tecto. Enquanto não fugir. Enquanto não sufocar de vez, enterrado vivo como vive, naquela casa, naquele talho, nesta Vila Velha que envelhece a gente antes do tempo.

quinta-feira, 20 de março de 2008

24

O cão vem disparado lá de cima.
Chega aos dois abanando o rabo e freneticamente indeciso entre lamber o Zé ou cheirar o Jaquim.
- Fugiste outra vez, sacana? Fugiste outra vez? Fugiste outra vez, meu maroto? Seu maroooto!
O cão gosta daquilo. De ficar tonto com as mãos que lhe rodam à volta da cabeça e que ele finge que quer morder. Mas cansa-se depressa, ou finge que se cansa, e fica a arfar um minuto antes de ir cheirar entre as pernas do Jaquim, que era o que queria fazer há já um bocado. Só depois é que se entrega às festas deste. Deixa-se ficar entre as pernas dele, contente com os afagos vigorosos que lhe são feitos e olha para o Zé para perceber se deve fingir sentir-se culpado por ter fugido outra vez do quintal. Mas parece que não é preciso. O Zé não tem ar de quem está a pensar nisso.
Está calor demais para festas e apesar de gostar do novo amigo, o cão resolve deitar-se no chão. Está-se bem ali, à sombra. Boceja. Um bocejo enorme que lhe enrola a língua.
É ali que fica sossegado até a inquietude desinquietar os rapazes e depois vai com eles, cheirando tudo o que houver para cheirar na beira da estrada, no caminho que os vai levando para fora da vila. O cão não se preocupa em saber para onde vão porque já está onde quer estar. Ao pé do Zé.

domingo, 16 de março de 2008

23

- Avisaste a tua mãe que vais jantar à da madrinha?... atã vê lá depois não te demores nem te metas em bebedeiras que amanhã trabalha-se! Isto não são férias só porque o Jaquim cá está.
Mas são. É como as férias, este passarinho no coração, só porque o Jaquim cá está. Finalmente, cá está o Jaquim.
- Atão, vamos aonde?
- Não sei, queres ir prá onde?
- Bora lá pra baixo.
E lá vão eles, rua abaixo, em direcção ao campo de futebol, que era o que o Zé queria dizer. E depois não dizem mais nada porque não sabem o que dizer.
Vai o Zé sorrindo e depois sorri também Jaquim por ter apanhado o sorriso do Zé pelo canto do olho.
O campo de futebol está deserto. Ainda é cedo para os putos que vêm para aqui jogar depois da escola e o sol é o dono do campo mesmo que ainda nem tenha começado o Verão no calendário. O pó sofre mais debaixo deste calor que debaixo dos pés dos moços. O Jaquim experimenta sentar-se na cerca do campo, mas o ferro ferve e vão antes para o banquinho dos velhotes, debaixo do plátano.
- Atão?
- Cá estamos!
- Tás fixe, em Lisboa?
Jaquim encolhe os ombros.
- Tás de férias?
- Não, tou desempregado.
- Vais voltar para cá?
- Não. Já tenho um trabalho que deve começar para a semana. E tu, tás porreiro?
O Zé não responde. Apanha umas pedrinhas do chão e começa a atirá-las ao ferro da cerca. Acerta quase sempre e, no silêncio da tarde, o som metálico ecoa com a violência de tiros.

quarta-feira, 12 de março de 2008

22

- Estás um homem!
É o que lhe diz o senhor Manel quando o vê.
As vezes que o Jaquim já ouviu isso não têem conta. Ainda assim, é sempre uma surpresa ouvi-lo, que ele nunca se sentiu adulto. Nem um espelho sequer lho mostrou ainda.
- Posso sair, pai?
O Zé sempre foi como os cães. Nada lhe contém a alegria e mesmo o senhor Manel tem de sorrir ao olhar para ele, para o brilho que tem nos olhos. Tivesse cauda e estaria a abaná-la.
- Vai-te lá lavar primeiro. Julgas que vais a algum lado nessa figura?
Que o Zé até se esquecia do avental sangrento atado à volta dele. Enquanto vai lá para dentro lavar-se e mudar-se, o senhor Manel volta a medir a figura de homem de Jaquim. E já não sorri quando lhe diz, então os meus pêsames, rapaz.
Se há alguém que sabe acabar com alegrias é o senhor Manel.
Ele responde com o obrigado que automatizou no último mês.
- Era uma santa, a tua mãe.
Sabe lá você isso, pensa ele. Mas a incontável quantidade de disparates que já teve de ouvir desde o funeral deixa-o impassível.
- A gente ainda pensou em ir, mas sabes como isto é. Não dá para deixar o negócio fechado. E conduzir em Lisboa é o diabo...
- Deixe lá isso...
É o que lhe sai da boca. Antes não tivesse ido ninguém, desejara ele. Para não ter de falar, dizer estas coisas que não são nada. Que havia mais para dizer? Sim, a mãe era uma santa por ter suportado quatro anos de dores. Sim, está agora decerto no céu, e sim, vai-se sentir a sua falta. Mas calem-se, por favor. Sabem lá vocês o que é a dor, se o céu existe e o tamanho da falta que ela me faz...

segunda-feira, 10 de março de 2008

21

Atira a carne. Segue-se a faca. E contra a madeira, em gestos precisos e seguros, corta dois bifes. Há sempre algum sangue que escorre, desperdiçado como vinho. O que resta da carne volta para o expositor. Cai entre as costeletas e os coelhos esfolados.
- Aqui tem. Faça bom proveito.
- Até amanhã, se Deus quiser.
A vontade de Deus repete até à eternidade estes dias, estes momentos. É na faca que ele encontra conforto. Com ela na mão não treme. O dia, passado entre carcaças no frigorífico e velhinhas ao balcão, centra-se na faca. Na força de partir ossos, no trepidar da trituradora e naquelas acções de desmembrar, desossar, rasgar, cortar, abrir.
A faca e a espingarda. É nelas que se apoia.
Teve primeiro uma pressão de ar, presente de Natal que pedira, implorara, para finalmente poder receber alguma coisa de jeito em vez das peúgas e pijamas do costume. Tinham ido logo os dois, ele e o Jaquim, lá para trás, para os valados, dar tiros em latas alinhadas em cima do muro, como os caubóis. A Dona Luísa não quisera dar uma ao Jaquim, mas atiravam à vez, não fazia mal. E ele era bom naquilo, ganhava sempre ao Jaquim. Que com a arma apoiada ao ombro descia-lhe uma calma rara. Focava-se tudo. Tudo se preparava para a explosão, o tiro certeiro. Um crescendo a terminar em êxtase. O Jaquim a gritar com ele. Ganda pontaria, pá! Ganda pontaria!
Até o pai, um dia, dissera:
- És bom nisso.
Ele não dissera nada, olhara para o chão, que é como responde quase sempre ao pai.
- Qualquer dia levo-te à caça, para aprenderes a dar uns tiros a valer, como um homem.
E depois viera aquela mão para o despentear e ele quase se desviara. Ele odiava aquela mão que ou lhe aterrava na cara para dizer, és um inútil, ou lhe pousava na cabeça dizendo, ainda és um miúdo.

terça-feira, 4 de março de 2008

20

A mãe tinha também algumas fotos do pai. Não muitas. Eram poucas as que se viam pela casa. E ele sempre soubera que o pai estava morto sem que fosse preciso falar disso. Nem se lembrava bem quando fora que ouvira uma conversa em que se dissera que o pai morrera de vontade própria. Não eram conversas para crianças, mesmo sendo conversas que as crianças ouvem.
Por muito tempo ficara fascinado pela morte. Pelo modo como a vida se esvai, ou simplesmente se abate. Mas as coisas deixam de ser fascinantes quando se tornam banais e, a caminho do talho, não é já nisso que pensa. Nestes dias ele evita pensar na morte o mais que pode, mesmo se a menina Ivone lhe lembra a mãe quando pergunta:
- Vais voltar tarde?
- Não, esteja descansada.
De qualquer maneira, ela dá-lhe uma chave e explica-lhe como tem de puxar a porta, que está um pouco perra. Já na rua, andando sem o peso da mochila, quase cego pela luz que a menina Ivone afasta de casa com pesados reposteiros, sente no peito uma excitação. A mesma que sempre teve, a caminho da casa do Zé.
Vai ver o amigo.
Que as tardes com o Zé eram cheias de aventuras, nem que fossem coisas pequenas, como ir fumar um cigarro roubado para trás do muro da escola, ou ir ao bar do Sport Clube e pedir pela primeira vez uma cerveja.
- Atão?! Agora sentam-se às mesas para pedir gelados? - perguntara o Ti Marquinhos irritado, lá de trás do balcão.
- Para mim era uma im-pe-ri-al, se faz favor! - dissera o Zé, enfatizando a palavra com um ar vagamente snob e aborrecido. Um ar que ele vira nalgum anuncio de vinho do Porto ou de Martini e que era tão artificial que quase conseguira extorquir um sorriso das trombas fixas do Ti Marquinhos.
- E o outro cavalheiro, o que vai tomar?
E ele ficara pendurado na resposta, com mais vontade de comer um gelado que provar aquele mijo com espuma que depois lhe fora posto à frente. Dera um golo e não conseguira beber mais do que isso. O Zé bebera metade, forçando-se a gostar daquilo.
O Zé sempre tivera pressa em ser adulto, mas para o Jaquim, a julgar pelos cigarros e pela cerveja, parecia-lhe que ser adulto era uma coisa que deixava sempre um travo amargo que se entranhava na boca e custava a sair. Mesmo que depois se comessem muitos gelados.

19

Ainda havia lá por casa do senhor Manel uns cartazes de cinema. Fred Astaire. Beatriz Costa. E um com uma fotografia do Tarzan, que fora o que os levara uma vez a passar a tarde aos berros, em cuecas, pendurados nas árvores do quintal. Isso depois de uma enorme discussão para decidir quem seria o chimpanzé.
Mas do avô do Zé nunca se falara. Presença tão ausente das conversas como o pai do Jaquim.
Enquanto a madrinha lava a loiça na cozinha Jaquim deambula pela casa e, na sala, pega numa das fotografias do aparador e olha para o pai. O pai olha para ele, para a máquina, para o fotógrafo. Mas isso é nada. Ele não sabe, não saberia dizer, quem o pai foi, como era.
A mãe e a menina Ivone olham também para ele, mas para Jaquim da foto, ali tão pequeno, acabadinho de baptizar. As duas muito bem arranjadas, frente à igreja. As duas a olhar por ele. Agora mal nenhum o pode tocar, depois da benção do nome.
O pai está mais afastado, e não olha para a criança. Não. Nem olha para elas. Olha em frente.
O pai que idade tinha ali?
Trinta?
Nem sabe.
Também é difícil de lhe ler no rosto o que estaria a pensar. Parece mais surpreso que alegre ou triste. Não é por esta foto que vai saber que era este homem.
O melhor doutor que cá houve, dissera-lhe uma vez o pai do Ildefonso, punha-me as mulas a funcionar como cavalos.
Mas nessa conversa ele não se atrevera a fazer perguntas, que o cigano metia respeito. Medo. Mas sorrira para ele. Passara-lhe mesmo a mão na cabeça. E dissera ainda, sais ao teu pai, que era uma coisa que nunca ninguém lhe dissera.
Depois disso chamara sempre parvo ao Zé, quando ele se punha a resmungar contra os ciganos. Ladrões, assassinos e etc... Ele sabia que o Zé não era assim. Aquilo eram coisas do pai dele. O Sr. Manuel é que destilava ódio pelos poros. Só porque sim. Aquilo ainda era por causa do Charlot, esventrado na estrada.
O Zé era o seu melhor amigo. O Zé era bom, mesmo odiando o pai e odiando-se por agir como ele, às vezes. O Zé não sai ao pai, mesmo que pareça, às vezes.
Jaquim desvia os olhos da fotografia do baptizado para um espelho do outro lado da sala. Ali também não há respostas claras, mas ele confia na palavra do cigano, que era um homem sério.

sábado, 1 de março de 2008

18

Era a maneira como ele andava. E o sorriso. E se punha um chapéu parecia logo um actor de cinema. As môças ficavam sempre a olhar para ele. E ele lá ia, pela rua fora, a fingir que não as via, o que ainda era pior. Suspiravam ainda mais. E ele ria-se disso. Ele sabia. Sim, filho, que ele era um belo malandro, ele sabia que era bonito, o tio Celestino.
Uma desgraça... As pessoas haviam de não poderem ser tão bonitas... Era como no cinema... O meu pai contou-me uma vez, que, uma vez, duas delas até se pegaram à bulha, a rolar pelo chão, como as ciganas, a puxar cabelos e tudo, só porque ele lhes tinha sorrido e cada uma teimava que tinha sido para ela. Benza-te Deus! São umas parvas as mulheres, às vezes...
Mas eu lembro-me dele, e era mesmo assim. Gostava de armar em galã. E ia sempre a Beja ver os filmes. Aos Domingos à tarde, montavam-se os môços todos numa carroça e lá iam eles ao cinema, e ver as môças e aos bailes... Naquela altura, daqui a Beja ainda era mais de um par de horas, e tudo às curvas! Eram uns estróinas... Aquilo é que ele gostava, de ir prós namoricos e ver filmes!
...mas lá assentou, que a minha tia pôs-lhe o cabresto. E casaram logo, não fosse o Diabo tecê-las. E ela também tratou logo de engravidar... que aquilo é que ele gostava do seu menino... só mimo. Foi o que o estragou, ao Manel. Só mimo. Tudo para o menino, era tudo para o seu menino... e depois tá claro, que quando ele morreu, a Albertina não tinha mão pró môço. Pior que o pai!... ah sim, Deus! Tão mais pior que o pai...
...mas lá tento para o negócio tem ele, nisso sempre é melhor que o pai, que aquele cinema que lhe deu na veneta de montar nunca deu dinheiro que se visse, e não fosse o meu pai ter dado emprego ao Manel lá no talho, a Albertina nunca teria conseguido endireitar a casa, doente como andava. Isso é certo e sabido.
Mas o meu pai também, dava tudo pelo irmão... e aquilo foi um grande desgosto quando se soube... Não foram só as galdérias que havia aí por esses montes a chorar... Que ele era um grande estróina, lá isso era, mas também era um bom homem... Eu ainda vi o carro, todo espatifado, lá no fundo da ribeira, que ainda levaram umas semanas até vir um reboque de Beja para o tirar de lá...
Ai filho... desgraças, esta vida, é só o que é...