terça-feira, 27 de maio de 2008

34

- Lembras-te?
O Jaquim assente. Tanto se lembra que tem um assomo de felicidade ao ver que está tudo na mesma. A tábua dos mergulhos pregada à raiz da árvore. A ribeira correndo parada e a festa de insectos. O silêncio de insectos. O sol a ferir as sombras aqui e ali, verdejando a água.
O Zé sorri quando o Jaquim sorri.
(…nem tudo está perdido, nem tudo está perdido...)
- Ainda vens para aqui?
Às vezes. Mas é mais os miúdos. A água dá-me pela cintura. A gente agora vai mais é às piscinas da câmara. Mas é no Verão. E paga-se…
- Como é que a gente dava mergulhos dali?
- Dantes havia mais água.
- Ah, pois é… E à barragem, ainda vão?
- Ainda há quem vá. Mas como é o Açoreano que guia, a gente vai mais é às piscinas porque há gajas…
Riem-se.
- …e cerveja.
E aqui o Zé lembra-se de contar a história do acidente com a placa de sinalização. Como Vila Velha foi parar ao chão.
E voltam a rir-se. É bom rir. Faz de conta que o agora ainda é o dantes. Mas o Zé tem de tocar na distância e pergunta:
- Então e o pessoal lá de Lisboa, é porreiro?
O Jaquim encolhe os ombros.
É só isso que tem para dizer.

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