quarta-feira, 28 de maio de 2008

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Porque é tudo silêncio.
Como o silêncio sério que se houve debaixo de água depois da ruidosa alegria do mergulho, quando a pressão nos ouvidos nos lembra que não somos dali e nos ameaça de morte.
O silêncio da borracha dos ténis nos corredores do hospital.
O silêncio dos travões do metro em hora de ponta.
O silêncio da campaínha a anunciar o fim de uma aula.
O grande, enorme e ensurdecedor silêncio da cantina do liceu.
Porque a única coisa que se ouve são lágrimas nocturnas que se imaginam a correr no quarto ao lado, soando muito mais alto que os carros e as motas acelerando avenida acima com ódio aos semáforos.

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