sábado, 9 de fevereiro de 2008

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O cão não conhece o Jaquim. Se calhar até lhe ladra, quando o vir. Mas se calhar não, que o cão é esperto e sabe distinguir entre a gente boa e a má. Deve cheirar a ruindade.
Mas o Jaquim já o conhece, ou sabe dele pelo menos. Ia numa carta.
Tenho um cão novo. O Cantiflas morreu. É um filho do Cantiflas, mas nem parece. É filho também da Lássi, a cadela da Mónica, lembras-te dela? Da cadela, da Mónica sei eu que te lembras. É castanho e tem mais pêlo do que o Cantiflas mas também é muito rafeiro. É muito esperto e já sabe que tem de fugir ao meu pai e que a minha mãe lhe dá mais comida se se for pôr a olhar para ela. Gosto muito dele e só não o deixo dormir comigo porque agora já não temos a cerca no quintal e ele anda sempre lá para os valados e volta cheio de carraças mas vem logo a correr quando o chamo. Chamo-lhe só cão porque não lhe quis chamar nada. O meu pai está irritado por causa disso. Agora é por isso.
A menina Ivone manda-te beijos e de resto está tudo na mesma. O Sport Clube perdeu outra vez. Não fui ver porque era Domingo de matança e depois ainda tinhamos linguíças para encher.
Escreve-me quando chegares a Paris ou a sítios desses. Estou cheio de inveja e tu és um cabrão.
Eu estou bem. Enterrámos o Cantiflas no quintal. Não conto mais porque ainda me ponho triste de pensar nisso. O meu pai é que é um cabrão, não és tu.
As melhoras à tua mãe e a minha também manda melhoras e a menina Ivone também.
Um abraço do teu amigo,
José Manuel

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